terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

#peideiesaí


Amigos leitores, amigos não leitores... Eis que o Beco do Crime está de volta... (pelo menos tentando mais uma vez). E vamos lá. Depois da última passagem aqui pelo Beco, assisti, li e escutei muita coisa boa, muita coisa ruim (particularmente em quadrinhos: novos 52 e all new Marvel, tudo muito bem embrulhadinho mas com histórias bem fraquinhas, personagens irreconhecíveis e muitas vezes risíveis. Porém isso é papo para outro delito). Hoje vamos de cinema e Deadpool.
O mercenário mais tagarela dos quadrinhos ganhou seu filme solo. Depois de uma aparição vexaminosa em X-Men Origins: Wolverine, Deadpool mostrou que seu fator de cura realmente é sensacional e conseguiu a redenção naquela que talvez seja a melhor adaptação de uma história em quadrinhos para o cinema. E grande parte do público não faz a menor idéia de quem seja Wade Wilson. Então antes de falar do filme propriamente dito, vamos situar um pouco o personagens e ajudar aos desligados de plantão…

Wade Winston Wilson, ou Deadpool, foi criado pela dupla Rob Liefeld e Fabian Nicieza em 1991 e fez sua primeira aparição na revista Novos Mutantes, 98. O personagem foi pensado com uma paródia do DeathStroke (Exterminador) personagem da DC (Wade Wilson já é uma sacanagem com Slade Wilson), mas logo assumiu vida própria e se tornou um grande sucesso, muito maior que o homenageado…
Deadpool é completamente desfigurado e mentalmente instável, resultado do tratamento que lhe deu seus superpoderes (Wade sofria de cancer terminal). Falastrão, o personagem chegou a ser comparado com o Homem Aranha no começo da carreira, mas o estilo mais debochado, politicamente incorreto ao extremo e sem medo de zoar a si próprio, deixou bem claro que Deadpool teria vida própria.
Coadjuvante das histórias dos X-Men e Cable, Wade se especializou em roubar a cena e logo ganhou título próprio. Nestas séries, conhecemos um pouco mais do passado do personagens,  vimos seu escracho atingir níveis estratosféricos. E fomos apresentados a alguns personagens bem interessantes, como Outlaw (Inez Temple), Weasel, e Blind AL, uma senhora cega que Deadpool manteve como refem sem nunca explicar por que, uma relação bastante confusa, onde os papeis as vezes se misturavam. Os títulos de Wade nunca foram um grande sucesso de venda, mas sempre tiveram uma base sólida de fãs. E isto nos leva, enfim ao filme!

Deadpool só foi produzido graças a persistência de Ryan Reynolds, o cara sempre sonhou interpretar um personagem de quadrinhos, teve a primeira chance com o Lanterna Verde, mas o fracasso de crítica do filme não o deixou feliz. (E nenhum fã de quadrinhos, diga-se de passagem…) A chance de redenção apareceu com Origens: Wolverine, mas o Deadpool, amado pelos fãs, foi completamente descaracterizado (não consigo entender... adaptar alguma coisa faz parte, mas mexer em time que está ganhando é de uma burrice atroz). E as críticas choveram. Neste mundo conectado uma palavra mal colocada, pode azarar tudo... vide o Quarteto Fantástico de Josh Trank...
A saga para produzir Deadpool continuou em 2010, quando o roteiro apresentado por Rhett Reese e Paul Wernick, responsáveis pelo excepcional Zombieland, vazou na internet. As críticas de sites especializados em HQ’s e cinema e mais a movimentação dos fãs nas redes sociais, acendeu uma luz na FOX. Em 2104, a dupla, junto de Reynolds, gravou uma cena teste que vazou na internet (eles negam que sejam os responsáveis pelo vazamento – a cena é esse video aí embaixo), entretanto a aceitação incondicional da parte dos fãs levou a FOX a dar luz verde para o projeto, porém com um orçamento limitado. E o mais arriscado: liberdade total para Reynolds e companhia...



Este foi o pulo do gato, a trupe trouxe toda a irreverência, sarcasmo e violência para as telas. O tão falado recurso de romper a quarta parede (falar com a audiência) que Deadpool abusa nos quadrinhos também está presente no filme. Palavrões, sangue, sexo, tudo lá... piadas infames, humor negro. E uma censura para maiores de 18 anos nos estados unidos. E um sucesso total de crítica e público. Por quê???
A aposta da FOX se pagou, simplesmente porque respeitaram o personagem e entregaram o que os  fãs queriam. E usaram este fãs e a devoção ao personagem como instrumento de divulgação. Desde o inicio, a equipe soube usar o humor do personagem em piadas para divulgação do filme, isso foi aumentando o hype e a curiosidade sobre o que estava por vir. Somado ao carisma de Ryan, que trabalhou intensamente na divulgação, liberando videos, fotos e tudo que tinha direito em suas redes sociais, Deadpool tinha cheiro de um grande sucesso.

Uma história de origem, uma linda atriz, a brasileira Morena Baccarin, com pouca roupa (mas em ótima interpretação) e vamos a luta. O roteiro não é um primor, mas funciona redondo para história e o filme passa voando... Repleto de referências, trocadilhos, Deadpool brinca e sacaneia todo mundo, pouco se lixando para o que os outro vão pensar. A gozação começa na abertura e continua.. Wade zoa os x-men, laterna verde e tudo que passa na frente... Ainda bem. Blind Al está lá (mais uma vez morando com Wade e foco das zoações), Weasel está lá... uma ótima sacada para o nome do personagem (até então nunca tinha visto esta explicação... tá vendo dá para adaptar e evoluir... ) também está lá... As piadas continuam em um ritmo frenético, até durante os créditos finais. Sem querer estragar para quem ainda não assistiu as duas cenas pós-créditos são perfeitas, quem cresceu nos anos 80 vai matar na hora a referência.
Quem conhece o personagem dos quadrinhos vai enlouquecer com filme, quem nunca viu vai ficar revoltado com tanta baixaria... Foda-se! Este filme não é para você que não tem senso de humor... e não conhece Deadpool. Não é para você que gosta de filme iraniano com panorama de grama crescendo... Este filme é para o fã que quer se divertir e ver seu personagem respeitado. Simples assim. E como bem disse Wade Wilson: #peideiesaí

 

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